Artista estuda candidatura à Alerj e chama ação que deixou mais de 60 mortos de “chacina”: “Minha alma sangra quando a favela chora”
O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, pode disputar uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2026, segundo familiares do artista. Fontes próximas afirmam que o projeto político ainda está em fase de estruturação e que o anúncio oficial deve ocorrer nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, Oruam se envolveu em polêmica ao criticar uma megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro, que deixou mais de 60 mortos, incluindo quatro agentes de segurança. Em suas redes sociais, o cantor classificou a ação como “a maior chacina da história do Rio”.
“Minha alma sangra quando a favela chora porque a favela tem família. Se tirar o fuzil da mão existe o ser humano”, escreveu o artista no Instagram.
Projeto político em construção
De acordo com familiares e pessoas próximas, Oruam pretende usar sua visibilidade para propor pautas ligadas à juventude, cultura e inclusão social. Fontes indicam que ele ainda não definiu o partido ao qual pretende se filiar, mas há conversas com duas legendas de perfil progressista.
“Oruam entende que chegou o momento de transformar sua influência em ações concretas”, disse um familiar.
Entre as propostas esperadas estão o incentivo à produção musical independente, a criação de oportunidades econômicas para jovens e o apoio a projetos sociais em comunidades.
Carreira musical e trajetória pessoal
Natural do Rio de Janeiro, Oruam se tornou um dos principais nomes do trap nacional, gênero que mistura rap com batidas eletrônicas e letras sobre a vida nas favelas. O artista acumula mais de 10 milhões de ouvintes mensais nas plataformas digitais.
Antes da fama, cursou Psicologia na Universidade Estácio de Sá, mas abandonou o curso no quarto período para se dedicar integralmente à música.
Críticas à operação policial
A operação, chamada de Operação Contenção, mobilizou policiais civis e militares em 26 comunidades, incluindo o Complexo da Penha e o Complexo do Alemão, com o objetivo de prender lideranças criminosas e conter a expansão territorial de facções. Segundo as autoridades, 81 pessoas foram presas e 75 fuzis apreendidos.
Oruam se manifestou nas redes sociais em tom de indignação, lamentando as mortes nas comunidades. No X (antigo Twitter), escreveu:
“Maior chacina da história do Rio de Janeiro.”
As declarações dividem opiniões. Enquanto alguns internautas criticaram o rapper, outros defenderam sua posição, destacando o histórico de violência policial em favelas.
Contexto judicial
A possível candidatura ocorre enquanto Oruam responde a processos judiciais. Em setembro de 2025, ele foi preso preventivamente acusado de associação ao tráfico, resistência e desacato, mas foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que considerou insuficientes os fundamentos da prisão.
Desde então, o artista mantém uma agenda ativa de shows e postagens nas redes sociais, além de se aproximar de pautas sociais, alinhando sua imagem ao debate sobre juventude e cultura periférica.

