Oficial foi detido ao chegar em Boa Vista; investigação aponta que esquema criminoso envolvia servidores públicos e tinha adolescentes de 14 a 16 anos como vítimas
O major da Polícia Militar de Roraima, Edmilson Costa Lima, de 43 anos, foi preso nesta quinta-feira (25) durante a Operação Ilíria, deflagrada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A ação tem como objetivo desarticular um esquema de exploração sexual de adolescentes em Boa Vista, supostamente liderado e integrado por servidores públicos.
O oficial foi detido na Rodoviária Internacional de Boa Vista, ao desembarcar de um ônibus vindo do Amazonas. Além dele, também foram alvos da operação o namorado do major, de 20 anos — que está foragido —, um agente da Polícia Civil, de 57 anos, um analista judiciário do Tribunal de Justiça de Roraima e um gerente comercial, ambos de 49 anos. Os nomes dos demais investigados não foram divulgados.
Segundo a Polícia Civil, os suspeitos são investigados pelos crimes de favorecimento à prostituição de adolescentes, associação criminosa, fornecimento de bebidas alcoólicas a menores e porte ilegal de arma de fogo. As investigações, iniciadas há cerca de dois meses, apontam que adolescentes de 14 a 16 anos eram aliciados em festas promovidas nas casas dos investigados, onde recebiam álcool e entorpecentes em troca de relações sexuais.
“Depoimentos revelam que os acusados usaram suas posições sociais e cargos públicos para disfarçar atividades criminosas”, afirmou o delegado Matheus Rezende, que coordena a operação.
No total, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão nos bairros Paraviana, Caçari, São Pedro, Cinturão Verde e Equatorial, em Boa Vista. A polícia informou que novas vítimas e suspeitos devem ser identificados ao longo da investigação.
Em 2024, Edmilson Costa Lima já havia chamado atenção ao ser filmado descendo de um veículo oficial do governo em um posto de combustível da capital, supostamente consumindo bebida alcoólica.
Em nota, a Polícia Militar informou que o major passou por exame de corpo de delito e foi encaminhado ao Comando de Policiamento da Capital, onde aguardará audiência de custódia.
A operação recebeu o nome de “Ilíria”, em referência à obra Noite de Reis, de William Shakespeare. A escolha, segundo a polícia, simboliza os disfarces e manipulações atribuídos aos investigados, que se valiam da aparência de respeitabilidade, cargos públicos e influência social para encobrir crimes contra adolescentes.