Jovem que matou família se referia a vítimas como personagens de jogo

Investigação revelou que as redes sociais do adolescente e de sua namorada já expunham conteúdos violentos

Durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (1º), o delegado titular da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna (RJ), Carlos Augusto Guimarães, responsável pelas investigações do caso em que um adolescente de 14 anos matou os pais e o irmão caçula, afirmou que o perfil do jovem e da namorada dele nas redes sociais já revelavam sinais preocupantes. Segundo ele, era possível observar referências de conteúdos violentos.

“Essa análise do conteúdo das conversas foi feita pelo perfil do Instagram, e já dá pra perceber a exposição de conteúdos violentos, inclusive conhecimentos de um filme que fala sobre assassinatos e mortes, enfim”, afirmou o delegado.

Ele também destacou que a adolescente teve papel ativo e determinante nos crimes cometidos pelo namorado de 14 anos, que matou o pai, a mãe e o irmão de 3 anos. “Ela foi partícipe, porque não só planejou junto com o outro adolescente, como induziu e instigou a todo momento”, disse.

Ainda segundo o delegado, a jovem sugeria que o garoto demonstrasse “ser homem” para vê-la pessoalmente, praticando uma espécie de chantagem emocional como incentivo direto aos crimes.

Os dois se conheciam há cerca de seis anos por meio de jogos online, quando tinham cerca de 8 anos, mas o relacionamento ficou mais sério no último ano. A distância, no entanto, impedia que se encontrassem.

“Os pais proibiam esse contato entre eles. Houve um ultimato a cerca do término do relacionamento caso não se encontrassem pessoalmente, se dado pela própria adolescente”, disse o delegado.

Conversas também indicam que os dois falavam sobre como o garoto poderia conseguir dinheiro para viajar de Itaperuna (RJ) até Água Boa (MT), onde a adolescente mora. O plano incluía, além do assassinato dos próprios familiares, a expectativa de que o garoto levasse a arma até o Mato Grosso para matar a mãe da namorada.

Adolescente enviou foto da cena do crime para namorada
A Polícia Civil destacou que o casal tratava as vítimas como personagens de um jogo online de teor extremamente violento — banido inicialmente na Austrália — que envolve irmãos que se encontram em um relacionamento codependente enquanto cometem vários crimes. O delegado informou que eles não jogavam o game, mas consumiam vídeos sobre ele no YouTube.

Segundo o conteúdo analisado pela perícia, após o crime, o garoto chegou a enviar uma foto da família morta na cama, ensanguentada, para a namorada. Ela respondeu que sentiu “nojo” da imagem e reclamou por ele estar “online” e não responder às mensagens no momento dos assassinatos. Em outro trecho, ele manda um áudio dizendo “matei meu pai”, ao que ela responde: “atira nela agora”, referindo-se à mãe.

Os investigadores ainda revelaram que os dois planejaram a forma de disfarçar o crime, cogitando colocar a arma na mão do irmão mais novo para simular um acidente, e como se desfazer dos corpos, sugerindo dar aos porcos. Os adolescentes também falaram em matar a avó, mas recuaram por temer que ficasse muito evidente.

Mensagens amorosas e brincadeiras após o crime
O delegado Matheus Soares Augusto, titular da Delegacia de Água Boa, que prestou apoio à Polícia do Rio de Janeiro na investigação, informou que as mensagens encontradas no notebook apreendido da adolescente mostram que, mesmo após os assassinatos, o casal continuou trocando mensagens amorosas e brincadeiras. Em uma dessas mensagens, a jovem afirma: “Nunca pensei que alguém faria isso por mim”.

Ao ser informada sobre a participação da filha, a mãe declarou à polícia que ela é “uma menina exemplar”, com boas notas e que a acompanha em todas as atividades.

Desde a noite de segunda-feira (30), a adolescente está apreendida na Delegacia de Água Boa, à disposição da Justiça. Já o garoto, foi internado no Centro de Socioeducação (CENSE) de São Fidélis, na última quinta-feira (19).

Fonte: Cnn Brasil

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